A VOLTA DO JORNAL “O ARARIPE”

                                                     
                                   A VOLTA DO JORNAL “O ARARIPE”                                                                                       
                                                                                   por Heitor Feitosa Macêdo

         Em 3 de maio de 2017, o Crato, município localizado ao sul do Estado do Ceará, completou 200 anos de sua adesão à Revolução Republicana de 1817.
         Assim, foi neste dia a primeira vez que o então “Sertão dos Cariris Novos”, o Cariri cearense, experimentou o gosto do princípios iluministas, entre estes a liberdade de imprensa.
         E o que tem a ver o Jornal “O Araripe” com tudo isto?
         Na cidade do Crato/CE, no início da segunda metade do século XIX, entrou em circulação o Jornal “O Araripe”, o primeiro a ser produzido no Cariri cearense, cujo redator era um inteligente jovem chamado João Brígido dos Santos.
        
João Brígido dos Santos, redator do jornal "O Araripe".
Nascido em São João da Barra, no atual estado do Rio de Janeiro, em 3 de dezembro de 1829, João Brígido, com apenas 27 anos de idade, foi o principal idealizador do referido hebdomadário, cuja a primeira edição saiu no sábado do dia 7 de julho de 1855, confeccionado na Cidade do Crato, na Tipografia Monte & Companhia, sita à Rua da Matriz, sob as expensas de do Sr. José Montes Furtado.
         Nesta edição o redator não deixa dúvida sobre a primogenitura do dito semanário na região do Cariri, ao arrematar que: “O nosso destincto amigo, o Sr. José do Monte Furtado vem de ministrar-nos um prello mandando vir a expensas suas, e hoje pela primeira vez após dusentos annos de existencia social o ameno Carirì lê um jornal impresso na Cidade do Crato, sua sede natural”
         “O Araripe”, inicialmente, trazia como logomarca a imagem de um índio trajando uma saia de penas e um cocar sobre a cabeça, bem como um arco nas mãos. Em verdade, suas armas eram setas envenenadas, palavras tão doridas quanto uma flechada à queima roupa, nem sempre disparada pelo redator, mas por alguns habitantes da região que se digladiavam francamente por inúmeras páginas.
         O conteúdo deste jornal era variado, passando por questiúnculas banais a temas de grande monta, como a criação da Província do Cariri Novo. Outros temas curiosos também são abordados pelo “O Araripe”, como o conflito dos moradores pelas águas das nascentes, os prejuízos causados pela pecuária à agricultura, a fuga dos escravos, intrigas políticas, corrupção, etc.     
         “O Araripe”, além de indicar uma produção intelectual intensa no interior do Ceará, também atesta a circulação de outros periódicos no meio interiorano, como o “Correio Mercantil”, o “Correio da Tarde”, “O Cearense” e outros, apontando relativa ilustração de uma parcela da população daqueles rincões.
         Este hebdomadário teve 336 números, sendo que sua última publicação se deu no dia 18 de fevereiro de 1865. A coleção pode ser lida virtualmente no site da hemeroteca da Biblioteca Nacional, no seguinte endereço: http://memoria.bn.br/hdb/uf.aspx.
         Ressalte-se que no começo do século XX o farmacêutico José Alves de Figueiredo voltou a colocar o jornal "O Araripe" em circulação, sob nova edição, coisa que chegou a durar apenas por um biênio, de 1918 a 1920.
      A edição deste jornal, do século XIX, depois da Revolução Republicana de 1817, foi o segundo grande marco intelectual para a História do Cariri. É por esta razão que pretendemos dar, mais uma vez, voz a este arrojado instrumento, olhando o mundo de cima da chapada do Araripe, agora, em versão eletrônica.

Comentários

  1. Caro Dr, Heitor Feitosa,

    Parabéns pelas suas publicações.

    Tenho acompanhado com interesse.

    Sobre 1817 ( Revolução Pernambucana) , já tive a oportunidade de ler sobre o assunto.
    Sobre nossa Família FEITOSA, sei um pouco , mas estou aprendendo com suas publicações.

    Um pequeno registro: Sobre Frei Caneca, da Revolução Pernambucana, existe aqui em João Pessoa-Paraíba familiares dele que têm parentesco com os FEITOSA. Estou iniciando esta pesquisa, como curioso que sou, e por me dedicar nos últimos dias à conhecer sobre nossa Família.
    Reafirmo que tenho muito que aprender com Você.

    Por favor , permita-me outros contatos, além deste FantáStico Blog seu.

    Aguardo,

    Raimundo Reginaldo Barros Feitosa
    Sou de Picos-PI (neto de Francisco Alves Feitosa)
    Moro em João Pessoa - PB
    raimundoreginaldo_5@hotmail.com
    83 996669411 (WAHATSAPP)

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  2. Muito interessante! Gostei muito de saber mais sobre a história da cidade do Crato e sua importância para a história do Ceará e, consequentemente, do Brasil. Parabéns!!!!

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